Por: Flávia Leal Alves
Quando lemos sobre transformar a educação para o século 21, em adequar a escola para os novos tempos em que vivemos, muitas vezes parece se tratar de uma possibilidade distante e difícil de ser colocada em prática. Sem dúvidas não é um caminho simples, e não há uma fórmula pronta. Cada país, região, cidade e escola têm suas próprias necessidades.
Mas algumas instituições perceberam que é preciso mudar e estão colocando em prática modos diferentes de educar. No Brasil, iniciativas inspiram novos jeitos de ser e de estar na escola. Essa lista apresenta algumas delas.
Ao pensarmos na palavra “escola” quais são as primeiras imagens que surgem?
Automaticamente desenhamos representações a partir das vivências que tivemos ao longo dos anos dentro da escola. Uma das figuras que possivelmente apareça é a do próprio espaço escolar: de um lado, os prédios que abrigam o saber e que passamos a maior parte do tempo, os espaços “sérios” das salas de aula; do outro, um pátio para o lazer, para o recreio. Dentro das salas de aula, carteiras enfileiradas com um professor em pé, à frente dos alunos, passando conteúdo.
Essas imagens, entre outras, são comuns de norte a sul do país. Mas será que esse modelo ainda dá certo? A escola está preparada para as novas necessidades proporcionadas pelas tecnologias e pelas transformações da sociedade?
Muito se tem falado sobre inovação. É fato que a tecnologia digital mudou a relação de crianças e jovens com o aprendizado. Mas, afinal, o que mudou?
Pensar a escola hoje é desconstruir a lógica linear de como se aprende. Não se trata mais de uma realidade em 2D, mas de uma realidade virtual ampliada, em 3D, onde espaços e tempos são maleáveis. A principal ferramenta do educador é o diálogo, não o monólogo. Os discursos carecem de mediação, não de imposição de saberes. O conhecimento, portanto, é acessado por meio de uma trama, de uma rede de relações imbricadas por sujeitos críticos e colaborativos.
Já que muitos conteúdos estão disponíveis na internet e são cada vez mais acessíveis, o professor não atua hoje apenas como alguém que conhece de um assunto, de uma disciplina, mas sim como um mediador que provoca reflexões. Trata-se de um exercício permanente de incitar perguntas aos alunos, de ajudá-los a pensar por si próprios e a aprenderem a resolver problemas. São as dúvidas que tornam os indivíduos críticos.
A escola, a partir dessa percepção, é vista como um espaço de criação, debates, crises e transformações. Não mais como um espaço que mata a criatividade.
Veja o que o consultor internacional em educação, considerado o guru da criatividade, Sir Ken Robinson, tem a dizer sobre isso neste vídeo.
O filósofo francês Michel Foucault trouxe em suas obras análises e conceitos sobre educação. Reflexões sobre como os espaços escolares perpetuam práticas de vigilância, refletindo uma sociedade da disciplina, por meio de currículos formados por matérias que não se conectam, e as relações de poder existentes entre professores e alunos, são algumas das referências tomadas pelo autor.
Para Foucault, a linguagem produz discursos que orientam as relações humanas. Sendo que os discursos estão imbuídos de verdades e sentidos. Portanto, o papel da escola é de fomentar o pensamento crítico, de fomentar o questionamento. Mais do que saber, é preciso aprender a aprender. Descobrir a curiosidade como o principal modo de se estar no mundo.
Que escola é essa que ansiamos viver?
1) Escola conectada.
Os professores não precisam ter medo dos celulares e dos tablets, pelo contrário, podem utilizá-los como estratégias para um aprendizado mais efetivo.
Leia aqui um manual completo feito pelo Porvir de como usar as tecnologias em sala de aula.
2) Escola plural.
Cada pessoa aprende de um jeito, e são muitas as inteligências. Portanto, é preciso respeitar o ritmo de cada aluno, e personalizar cada vez mais o ensino.
Veja o especial do Porvir que fala do tema.
3) Escola empática.
Muitos estudos revelam que o desenvolvimento das competências socioemocionais torna o aluno mais interessado em aprender os conteúdos, além de transformá-lo em um sujeito responsável, amável e consciente de si e dos outros.
4) Escola colaborativa.
O trabalho em equipe é fundamental para preparar o aluno para as exigências futuras que terão no mercado de trabalho e ao longo de toda a vida.
5) Escola que joga.
Os professores podem mesclar jogos em ambientes online e offline. Aprender por meio de jogos potencializa o entendimento de como resolver problemas, de como se comunicar com clareza, e também desenvolve o protagonismo dos alunos.
O jogo Logus – A Saga do Conhecimento elaborado pela Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho para escolas públicas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina estimulou diversas competências essenciais para o aluno do século 21, como criatividade, espírito de equipe, atitude e capacidade de mobilizar pessoas. Pesquisas realizadas com professores e alunos participantes de Logus demonstraram que, após o jogo, os alunos se engajaram mais com questões da escola, se tornaram mais conscientes de seu papel, aumentou o respeito entre os colegas e melhorou o clima e a felicidade de estar na escola.
Essas são algumas ideias, alguns caminhos possíveis, de como inovar em 2016. Como colocar em prática depende da criatividade da escola.